domingo, 26 de dezembro de 2010

alemão: por que não?

Ah sim, essa é uma questão que pega! Afinal, qualquer curso de língua é caro, e se formos ainda escolher uma língua que talvez não tenha muita 'saída', ou seja, uso cotidiano, temos ainda menos estímulo. Porém, entretanto, contudo, quem já sabe inglês pode se beneficiar de uma coisa maravilhosa, desse mundo mágico da Internet, chamado Deutsch Interaktif. Não preciso resumir, porque o próprio site resume:

 O curso online gratuito Deutsch Interaktiv é voltado para todos – não importa se você está começando ou se já possui conhecimentos de alemão. Em 30 lições, este curso para autodidatas cobre os níveis A1 e B1 do quadro europeu de referência. Uma grande variedade de material de apoio, exercícios e testes facilitam o seu aprendizado. Áudios, galerias de fotos e vídeos fornecem uma visão autêntica da vida na Alemanha. O resumo gramatical e um glossário com mais de 7.000 palavras e sua pronúncia são outras valiosas ajudas.

Fenomenal. Comecei a fazer como apoio às aulas de alemão da Unicamp e o considerei uma ferramenta hiper bacana! O próprio sistema grava aonde você parou, tem esses glossários e resumos gramaticais muito bons...E é gratuito...Vale a pena visitar! O site é este: http://www.dw-world.de/dw/0,,9660,00.html

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

a situação dos museus brasileiros em números

Uma pequena pausa sobre os artistas que estiveram na Bienal de SP...

O IBRAM publicou em seu site, no dia 11 de dezembro deste ano, um levantamento acerca da situação museológica brasileira. Foram, segundo o documento, quatro anos de pesquisa que mapearam mais de três mil museus no país (ante a situação do início do século XX de apenas 12 museus), elaborando estatísticas que permitem ao leitor uma visão geral do perfil brasileiro na área. Neste sentido, o documento pretende explicitar a "atual configuração" do setor museológico no país, "apontando avanços e desafios".

Ao final, e na minha opinião, trata-se de um compêndio de gráficos e números, que necessitaria uma análise mais detida pelos pesquisadores que o elaboraram - o que desmente o escrito no início, que a "edição traz dados estatísticos comentados", que apontam avanços e desafios. Não, nada traz comentários, apenas números - o que não diminui a importância dos dados apresentados.

O documento pode ser visto na íntegra no site do IBRAM. Tem 65 páginas.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

bienal de SP - Carlos Vergara

O conjunto de obras de Carlos Vergara ficava ao lado das de Andrew Esiebo. Para Vergara, dois conjuntos distintos: (a) uma série de fotografias sobre o bloco de Carnaval "Cacique de Ramos", produzida na década de 1970, RJ - algumas das fotos podem ser vistas no site do artista, na galeria dos anos 70. e (b) uma outra série, essa sim fantástica, de fotografias em 3D. What? Sim, fotografias com suporte em placas reticulares.

Impossível encontrar na internet qualquer coisa parecida, o efeito deve ser visto ao vivo. No entanto, esse gif abaixo que encontrei em um site dá mais ou menos uma idéia da organização das fotografias de Vergara com este efeito. Essa foto, especificamente, estava na Bienal. E a multidão parecia estar lá, dentro da foto. Uma idéia genial, e um efeito fantástico...

Multidão © Carlos Vergara

bienal de SP - Andrew Esiebo

No segundo andar, fotos de uma série intitulada God is Alive, de Andrew Esiebo. O fotógrafo - novo e aparentemente acessível, é possível achar seu e-mail na internet - registrou algumas celebrações religiosas na Nigéria, e as imagens são fantásticas. Todas elas podem ser vistas no álbum Picasa do artista (prático, não?).

Para quem estuda questões religiosas é um prato cheio - a Bienal não coincidentemente escolheu uma série que trata da inserção das igrejas pentecostais no país, que fazem um link direto com a situação brasileira.

Além disso, Esiebo também clicou uma série de fotografias que falam do cotidiano da cidade de Lagos (vejam reportagem da revista piauí sobre a megacidade), que não estavam na Bienal, mas podem ser encontradas no mundo mágico da internet. O ótimo site P.A.P.A. mostra alguns desses trabalhos.

God is alive, 2006 © Andrew Esiebo

God is alive, 2006 © Andrew Esiebo

God is alive, 2006 © Andrew Esiebo

God is alive, 2006 © Andrew Esiebo

God is alive, 2006 © Andrew Esiebo



continua no próximo post, o próximo artista!

bienal de SP - Alessandra Sanguinetti

Ah, a Bienal...esse evento de qualidades inúmeras -  que hoje conta com um público não sei quantas vezes abaixo do esperado -  pôde contar comigo, na última sexta, para visitá-la. Não fiquei o dia inteiro, não senti necessidade para tanto, mas realmente, algumas obras são muito bacanas (e valem a re-visita no mundo da internet). Outras, bem ruinzinhas, e sobre essas não vale a pena escrever.

Vai aí a seleção da vez:

No primeiro andar da Bienal....

não vá pela esquerda, vá pela direita. Assim, passará pelo corredor de fotografias de Alessandra Sanguinetti. Neste conjunto, a fotógrafa expõe imagens de dois projetos (Las aventuras de Guille y Belinda y el enigmático significado de sus sueños e El devenir de sus dias)  em que acompanhou duas primas da zona rural argentina  - Guille e Belinda - por um período de aproximadamente dez anos. Nesse meio tempo, fotografou tanto a entrada das meninas para a vida adulta, quanto a performance de seus sonhos. O resultado é muito bonito, e faz pensar sobre a importância do elo  para além do click entre quem fotografa, e quem é fotografado. O resultado, pelo menos nesse caso, é magnífico: expira cumplicidade e intimidade.
Boa parte das fotografias (senão todas), podem ser vistas no site de Sanguinetti. Mais informações, também podem ser encontradas no site da Bienal.

Ophelias, 2002 © Alessandra Sanguinetti

The black cloud, 2000 © Alessandra Sanguinetti

Madonna, 2001 © Alessandra Sanguinetti

The Nanny, 2006 © Alessandra Sanguinetti


Summer bath, 2000 © Alessandra Sanguinetti

The Wedding Bed, 2007 © Alessandra Sanguinetti

continua no próximo post, o próximo artista!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

fotografar no desespero

Na coletânea das melhores fotos da Reuters 2010, uma particularmente me chamou atenção. Assunto para ser desenvolvido mais tarde:

a foto segue abaixo, com a descrição

a fonte está aqui


IVAN ALVARADO (March 1: Constitucion, Chile) “Take my picture with the dog,” the survivor tells me. I take it as if ordered to, and see that his face shows tremendous pain. “I lost my home, the sea took my son and my wife, and this is all that was left. I can’t leave the dog here. He was my son’s.” He pauses. “I found my wife (alive), but my boy is still missing.” Before he finishes speaking I lower my camera and cry. I walk together with him thinking what to say to lessen his suffering, but there is only silence. I never sent this poorly-focused photo of the earthquake survivor. The preconception of what makes a good photograph, the aesthetics, the layers of composition, and the sharpness or lack of it, all became reasons not to choose it. It was some time later when I realized that the sadness of the out-of-focus man with his pet is still transmitted as pain and devastation even through the picture’s technical defects, and banishes all the photographic concepts I hold true in my own little world. I blame Reason for overcoming Emotion. Technically the photograph isn’t good but, all modesty aside, I think it’s the best photo I took. Today, it’s clearer than ever to me that in editing a story we don’t always show all we’ve seen, and that we never stop learning in the process. I feel fortunate that this was the only person I encountered who had suffered a death first hand in Constitución. I like to believe that we never met again while roaming the same streets because he eventually found his son. The photo of the man with his dog was never sent to the news media, but nevertheless it is the earthquake image that remains engraved in my mind out of the 3,645 shutter clicks that my camera registered.” Canon EOS Mark IV, f2.8, 1/5 sec, ISO 2000

documentários vários

Especialmente essa metade de dia foi voltado a documentários

Primeiro porque acompanhei parte da Mostra de filmes etnográficos que fez parte do 1º Colóquio da Cátedra Roberto Cardoso no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) - UNICAMP. Tenho reclamações. Não é porque eu falo português e quebro o galho no espanhol que eles podem passar filmes falados em espanhol, com som quase estourado, sem legendas. Ao final, cansei de entender só uma procentagem do conteúdo e não vi toda a programação. No entanto, há que se ressaltar a qualidade e relevância dos filmes passados, todos vinculados ao CIESAS - Cientro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social. São eles:

La Batalla de las cruces
Um documentário sobre uma série de assassinatos de mulheres na Ciudad Juárez (México), que expõe uma rede de relações perversa entre abusos sexuais à jovens seguidos de mortes, com o contexto da discriminação de gênero, exploração econômica, e corrupção governamental e policial.

Outros dois documentários, que são mais coleta de depoimentos:
Presencia de Jóvenes Indigenas en la Universidad (Mariano Báez Landa, um dos responsáveis)
e
Ba'ax Ka Wa'alik (idem)

Por último, o documentário Voces de la Chinantla. Que não vi inteiro pelas razões já expostas, mas que tem aparentemente na íntegra na internet, neste site aqui.

Depois, vim para o merecido descanso (?) na internet e me surpreendi pela reportagem da Carta Capital sobre a impossibilidade de um recente filme de Eduardo Coutinho sair para um público mais amplo (do que as 300 pessoas que estavam na sala de exibição na Mostra de Cinema de SP). 

Mas nem tudo é triste, descobri nesse pula pula internetal um blog interessantíssimo, que disponibiliza uma série de documentários online: DOCVERDADE . Vai para a listinha de blogs recomendados.. e um site português que ainda não desvendei o funcionamento: DOCSPT

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação



Dica de livro: LAGROU, Els. Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C/Arte, 2009. 

Ótima introdução aos que acabaram de se interessar pelo tema antropologia & arte, e querem ter uma visão geral sobre o assunto. A autora introduz alguns autores que contribuiram para esse ramo de estudo, puxando, é claro, para as contribuições de análise da arte indígena brasileira. Para isso, utiliza uma linguagem simples, ainda que densa, que pede a atenção constante do leitor. 

O que fica de impressão é que o livro pode ser muito bem utilizado nas práticas de ensino extra-universidade, como para jovens de ensino médio [diferentemente a última obra da autora, também sobre o tema: A fluidez da forma: arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica (Kaxinawa, Acre)]. Tanto é, que ao final existem propostas de várias atividades que ajudam a compreender o ensaio teórico e sua mensagem/objetivo: “ensinar um modo de entender e olhar para as artes indígenas” (LAGROU, 2009, p. 09).

Fica a dica!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

é o seguinte...

o ótimo programa "Cultura Documentários" segue a linha bandida de não colocar em seu site a programação do mês inteiro de exibição. Então ficamos nós, usuários, que nem bobocas atualizando a página para ver se chegou coisa nova...E chegou!
Aí vai:


12 de novembro 
Até a lua
(John Curtin/2008/Canadá)
Esse filme oferece uma visão alegre, excêntrica de nosso relacionamento com nossa vizinha mais próxima e mais romântica no céu.Uma colisão interplanetária afastou a Terra da Lua há mais de quatro bilhões de anos. Nós nos unimos brevemente quando os astronautas pisaram na lua 40 anos atrás. Agora, em 2009, esse relacionamento reatou-se novamente.
Empresas particulares estão construindo foguetes para ir à Lua, a Nasa planeja um assentamento humano lá e cientistas dizem que a potência do solo lunar poderia resolver nossa crise de energia.
De Shakespeare às canções de amor populares, a lua influenciou profundamente nossa cultura. A ausência do luar condenou o Titanic, enquanto cidades inteiras foram destruídas na 2ª Guerra Mundial nas noites de luar. Hoje está de volta a arte antiga da jardinagem de acordo com as fases da lua, enquanto ainda se discute se a lua cheia induz todos os efeitos a ela atribuídos. 
11 de novembro 
De Mao a Mozart 
(Isaac Stern/1980/China)
Na entrega do Oscar a um clássico de todos os tempos, De Mao a Mozart, o violinista Isaac Stern diz “A melhor maneira de aprender a respeito de outra cultura é conhecer os profissionais de sua profissão”. E assim, em 1979, ele fez uma viagem à China, como hóspede oficial do governo, para dar concertos, viajar pelo interior e dizer “alô com música”. O cineasta Murray Lerner filmou essa viagem, conquistando o Oscar de Melhor Documentário de 1981.
Stern lembra vagamente Burt Lahr, o comediante conhecido para sempre como o Leão Covarde em O Mágico de Oz, um homem de rosto redondo, alegre com um sorriso generoso. O mais surpreendente é vê-lo agir com séria determinação. Quando Stern dá aulas aos jovens violinistas chineses e corrige a Orquestra Sinfônica de Pequim, desaparece a imagem gorducha do tio americano. Stern, agora um violinista legendário e considerado um dos mestres do violino do século 20, é um artista que leva sua arte muito a sério.
10 de novembro 
Testemunha imaginária
(Daniel Anker/2003/EUA)
Este documentário conta pela primeira vez a história fascinante do complexo da indústria cinematográfica americana e as reações contraditórias aos horrores da Alemanha nazista. Usando trechos cuidadosamente escolhidos e relatos originais de diretores, atores, escritores e produtores, este filme abrange as películas mais importantes de Hollywood que abordam a questão. “Testemunha Imaginária” nos leva a fazer uma jornada de 60 anos, da ambivalência da América e da negação durante o apogeu do nazismo, através do silêncio dos anos pós-guerra, até que finalmente os mais profundamente afetados pelos acontecimentos, os sobreviventes, começaram a falar e a comunidade artística de Hollywood reagiu com vários filmes fortes e comoventes como: A lista de Schindler e O pianista, atraindo milhões de espectadores no mundo inteiro.
Destinado a se tornar um clássico, este documentário faz perguntas difíceis: a respeito do relacionamento contrafeito entre a cultura popular americana e o Holocausto, a responsabilidade de cineastas ao reimaginar para a tela o mais terrível sofrimento humano em escala tão grande e o poder do próprio filme de dar forma e refletir a história e a memória.
Apresenta entrevistas francas com os diretores Steven Spielberg, Sidney Lumet (O homem do prego), Dan Curtis (Guerra e lembrança), Vincent Sherman (A voz da liberdade), o ator Rod Steiger em sua última entrevista fala de seu papel mais aclamado em O homem do prego, sobreviventes, incluindo o ator Robert Clary e o produtor Branko Lustig, o escritor/palestrista sobre o Holocausto Michael Berenbaum, o historiador Neal Gabler, a scholar Annette Insdorf. Além disso, trechos únicos de noticiários e de filmes, incluindo a A lista de Schindler, A escolha de Sofia, Confissões de um espião nazista, Tempestade mortal, O diário de Anne Frank, O pianista, versões para a TV e para o cinema de O julgamento de Nuremberg (a última com Spencer Tracy) e as minisséries para a TV Holocausto e Guerra e lembrança.

09 de novembro 
Bienal de São Paulo na Cultura
(Helio Goldsztejn/2010/Brasil) 
A 29ª Bienal abre o debate e discute o próprio evento no programa especial da TV Cultura que apresenta as principais obras que integram o maior evento de artes plásticas do país. Com direção geral de Helio Goldsztejn, roteiro e edição de Sonia Guimarães ,o documentário é conduzido por três artistas plásticos: Paulo Pasta e Luiz Hermano (ambos com experiência em Bienais passadas), e Rodolpho Parigi,um dos expoentes da nova geração.
Os três percorreram o pavilhão projetado por Oscar Niemeyer, comentando as principais criações exibidas nesta edição da mostra. Destaque para a bela e polêmica instalação "Bandeira Branca" de Nuno Ramos (que enfrentou protestos contra a utilização de três urubus vivos retirados por determinação do Ibama).

O programa mostra em detalhes a instalação que vem fazendo enorme sucesso sobretudo entre o público infantil: "A origem do terceiro mundo", de Henrique Oliveira. Paulista de Ourinhos, Henrique está se firmando no exigente cenário das artes plásticas pela habilidade incomum para manipular retalhos de madeira descartada. Nossos convidados fizeram questão de se demorar diante de uma das primeiras obras que o público vê ao ingressar no pavilhão: a série de pinturas "Matéria noturna", do paulistano Rodrigo Andrade. Numa edição com poucas pinturas, Rodrigo Andrade chama a atenção pelas telas densas de tinta (resultado de anos testando a superposição de camadas grossas de tinta, que resultam em relevos incriveis). Com depoimentos doa artistas plásticos Rodrigo Andrade, Nuno Ramos, Gil Vicente e Henrique Oliveira, dos curadores ca Bienal Agnaldo Farias e Moacir dos Santos, do presidente da Fundação Bienal Heitor Martins, do crítico Jorge Coli e opiniões do público visitante.

domingo, 7 de novembro de 2010

download de livros

Um compêndio de editoras que disponibilizam parte de seus títulos para download!

- Fundação Perseu Abramo: http://www.fpa.org.br/bibliotecadigital 
Entre os títulos disponíveis, obras de Maria da Conceição Tavares, Emir Sader, Octávio Ianni, Maria Rita Kehl, entre outros.

- Editora Cultura Acadêmica: http://www.culturaacademica.com.br/colecao_view.asp?ID=6
Uma iniciativa da UNESP, que coloca (acredito) que todos os seus lançamentos já para download

Disponibiliza todos os livros da editora que já estão esgotados.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

pra não perder


Cultura Documentários 


 
 
Com apresentação do jornalista Amir Labaki, fundador do mais expressivo festival do segmento, o programa Cultura Documentários exibe uma generosa lista de produções raras e inéditas. Os títulos são dos mais diversos, muitos deles premiados – no meio, tem vencedores de Emmy e de Oscar. Há preciosidades como Cartas ao presidente, Nota a nota: a fabricação do Steinway L 1037, Bukowski, Esquecimento e De Mao a Mozart. Os documentários são distribuídos em cinco grandes grupos, de acordo com o dia da semana: biografias, produções nacionais, artes, longas-metragens e sociedade. "É uma forma de localizar o espectador", esclarece Labaki.

Às terças-feiras a emissora exibe uma seleção de filmes nacionais que dialogam sobre a nossa cultura e representam uma amostra da diversidade nacional.

05 de novembro 
05 de novembro 
Plástico
(Ian Cinnacher/2008/Canadá) 
Plástico é uma jornada global perturbadora para investigar o que realmente sabemos a respeito do material de mil usos e por que este existe em tão grande quantidade. No percurso descobrimos o desperdício mundial e um legado tóxico, mas também encontramos os homens e as mulheres que se dedicam a removê-lo.  É um documentário a respeito de soluções para sua poluição. Foram três anos de filmagem em 12 países de 5 continentes, incluindo duas viagens ao meio do Oceano Pacífico onde o entulho plástico acumula. O filme delineia a trajetória do plástico nos últimos 100 anos e apresenta várias entrevistas com especialistas nas mais práticas e atuais soluções para reciclagem, toxicidade e biodegradabilidade. Essas soluções proporcionarão aos espectadores uma perspectiva promissora quanto ao nosso futuro com o plástico.
 
04 de novembro 
04 de novembro 
Além do jogo 
(Jos de Putter/2008/Países baixos)
Um olhar no mundo de um jogo online fascinante, incrivelmente popular no universo dos cybergames, o Warcraft, o "jogo de quem pensa". O filme acompanha os melhores jogadores do mundo na preparação para o Campeonato Mundial de Cybergames: Sky (chinês) e Grubby (holandês, o campeão mundial atual e o anterior. O filme retrata a vida desses dois jogadores a caminho de seu duelo final, como se fosse um faroeste supermoderno.
01 de novembro 
01 de novembro
Karsh: Fotografia e história 
(Joseph Hillel/2009/Canadá)
O filme ilustra os múltiplos significados que pessoas comuns, como também críticos, curadores e filósofos, atribuem a fotógrafos retratistas e através do prisma desses significados, retrata a carreira singular de Yousuf Karsh, o maior dos criadores de mitos. Karsh, um imigrante, foi um fotógrafo comercial que se tornou mundialmente famoso "Karsh de Ottawa". Desde muito cedo, seu status começou a alcançar tal aceitação universal que suas fotos elevavam os modelos ao Panteão da Hagiologia Secular. Ser "Karshed" era sinônimo de ter atingido o auge da realização mundana. Durante as seis décadas de sua carreira, os 15.312 retratos que fez constituem, sem dúvida alguma, a galeria de retratos das figuras mais famosas do século 20, o que o coloca entre os maiores fotógrafos desse século.

domingo, 31 de outubro de 2010

Entrevista com Iatã Cannabrava

coloco uma entrevista que saiu na carta capital e deve interessar:


Por uma fotografia sem sofrimento

O fotógrafo Iatã Cannabrava, organizador dos principais festivais fotográficos do Brasil, discute o processo de valorização da fotografia após a digitalização e democratização da produção da imagem
Iatã Cannabrava há mais de vinte anos trabalha com fotografia. Especializou-se na documentação dos traços arquitetônicos das grandes cidades do mundo. Porém, tem como maior êxito profissional, e pessoal, a profusão da fotografia pelo seu fazer cultural. Nos últimas anos, Cannabrava organizou workshosps (De Olhos nos Mananciais), festivais (Paraty em Foco) e encontros (Fórum Latinoamericano de Fotografia) de fotografia com enorme sucesso.
2o Fórum Latinoamericano, encerrado no domingo 24 em São Paulo, contou com a presença de grandes fotógrafos brasileiros e de países de origem latina como a americana radicada no Brasil Cláudia Andujar e o catalão Joan Fontcuberta. O evento contribuiu para a ampliação da rede de comunicadores da fotografia, além de explorar cada vez mais o que Cannabrava chama de "mudança das fronteiras fotográficas" por meio da realização de vídeos pelo coletivo fotográfico Garapa.
Recentemente decidiu dar um passe adiante e formar a Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil. A Rede tem o objetivo de unir e representar as centenas de fotógrafos, e realizadores fotográficos, envolvidos em seu fazer cultural.
Na entrevista, o fotógrafo exalta o caráter cada vez mais democrático de comunicação que a fotografia assumiu após sua digitalização. E garante que não há o que temer nesse processo, muito pelo contrário, temos que abraçá-lo.
CartaCapital: Como tem sido organizar eventos de grande porte que tratam exclusivamente de fotografia como o Paraty em Foco, De Olho nos Mananciais e o Fórum Latino Americano de Fotografia?
IC: Nós temos que tirar a fotografia do pedestal. Não é a fotografia, são as fotografias. Não é o mercado fotográficos, são os mercados fotográficos. Dentro desse mercado fotográfico tem um setor que é o setor cultural da fotografia. É o fazer cultural pela fotografia. Por exemplo, no De Olho nos Mananciais, mais do que um projeto de fotografia é um projeto de conscientização social e ambiental através da fotografia. No meu caso é o fazer cultural ligado à fotografia. No Brasil esse mercado tem crescido bastante, assim como o movimento cultural no País como um todo.
CC: Por que o mercado para esse tipo de evento cresceu nos últimos anos?
IC: Existe um "bum" no cenário mundial da fotografia em vários setores. No mercado de arte existe um crescimento. Existe uma crise no fotojornalismo, assim como na fotografia publicitária, mas existe um "bum" mesmo na fotografia como instrumento de comunicação de massa. Aquilo que há muitos anos atrás era para poucos, porque para ser um fotógrafo precisava estudar, hoje qualquer um com qualquer câmera na mão participa desse processo de fazer imagens. Todo mundo fotografa com celulares, com essas camerazinhas, enfim, existe uma série de dispositivos que inclusive já fazem pequenos vídeos. Ou seja, há uma possibilidade tecnológica não só de produzir fotografia, mas como de difundir a fotografia. Você pode se comunicar com um amigo em Pequim mandando uma foto pelo celular. Isso abre o mercado para eventos, encontros, seminários, simpósios, sites. O portal do Fórum Latinoamericano de Fotografia bombou. O blog do Paraty em Foco tem trinta mil visitas por mês, o que para um site de fotografia é muito.
CC: Passada a crise da digitalização da fotografia, você acha que hoje vivemos num mundo pós-digital?
IC: Eu diria que essa fase de crise ainda não foi superada. Vivemos hoje uma fase de experimentação. Eu não saberia dizer qual é o futuro exato. Mas existe uma consciência de quem não se conecta está fora do jogo. A produção da imagem não vai mudar muito, mas a difusão da imagem vai por um caminho diferente. Cada vez mais a rede vai ser instrumento de circulação de informação, principalmente via imagem.
CC: Você acredita que houve uma banalização da fotografia?
IC: Vai continuar tendo os grandes fotógrafos e os caras que simplesmente escrevem recados. Do mesmo jeito que a escrita é bastante universal. Tem uns que escrevem melhor do que outros, com uma escrita mais delicada, com mais possibilidades, intuitiva, agressiva… Eu acho que a fotografia vai pelo mesmo caminho. Vai continuar tendo os fotógrafos bem apurados assim como gente produzido de forma corriqueira. Não temos que temer esse movimento. Ele veio para ficar. Nunca foi tão democrático o processo de produção de uma imagem.
CC: A nova geração de fotógrafos, que aprende o ofício no processo digital, perde em formação em relação aos que aprenderam pelo processo analógico?
IC: Eu não acredito. Se perde muito na formação pela má qualidade da escola e pela má qualidade do ensino em geral. Eu acredito que seja no processo digital ou no analógico, o indivíduo que é sério, entender o que está fazendo, pode fazer no digital, no analógico ou num terceiro sistema que venha a surgir amanhã ou depois.
CC: Essa má escola é a responsável por cair o nível da fotografia profissional, como o da fotografia editorial, publicitária e jornalística?
IC: A má formação atinge desde o cara que coloca tijolos até o fotógrafo. Existe uma gigante falta de mão de obra qualificada para tijolos e trabalho profissional na área fotográfica. O ensino vem vivendo uma crise muito grande no Brasil, é a grande crise do nosso país. Eu tenho muita dificuldade para contratar gente para os nossos projetos. Tem gente que não sabe fazer uma regra de três, fazer uma planilha no Excel para organizar projeto cultural. É mais fácil achar gente que saiba mexer no Photoshop. O problema maior é de matemática do que de fotografia para trabalhar na equipe. As pessoas tem dificuldade para escrever um projeto para as leis de incentivo. É uma deficiência na formação do indivíduo e isso atinge todas as camadas.
CC: A maior parte da Bienal deste ano é fotográfica. Isso é um reflexo da valorização da fotografia como arte?
IC: Não exatamente. O que existe é a fotografia como suporte. Vamos dividir porque é uma coisa muito complexa. Tem aquele que tem uma formação no mundo das artes e aqueles que tem uma formação no mundo da fotografia. Esses dois grupos podem produzir fotografias como produtos final e estarem, ou não, numa Bienal. Acho que essa Bienal tem muita gente que vem do mundo das artes e que usa o suporte fotografia para finalizar suas obras. Isso não é exatamente o mundo da fotografia que atinge a Bienal. A fotografia é um campo muito mais amplo do que as artes visuais. A fotografia é ciência, comunicação, fotojornalismo, documentário. O que existe é um avanço para a fotografia ser aceita no meio da arte e existe o meio da arte adquirir o suporte fotográfico para finalizar suas obras.
CC: O que você acha dos coletivos fotográficos como a Cia da Foto e o Garapa? Esse movimento acaba com o autor fotográfico?
IC: Primeiro eu acho que o coletivo não destrói a questão do autor, apenas muda os paradigmas que tínhamos. Na verdade, na configuração digital da fotografia a produção é muito coletiva. Um tem a ideia, o outro clica o botão, o outro trabalha no photoshop. Já era assim na época do laboratório. Tinham alguns fotógrafos que davam crédito para o laboratorialista, porque ele transformava a foto. Era uma obra em conjunto. Contudo, a questão não é essa. O estatuto do autor faz tem tempo que tem que mudar. A autoria de uma obra não é mais importante que a obra. Não pode ser a maior referência do artista ter a sua assinatura do lado da obra. Eu acho que o estatuto do autor tem que ser mais flexível. Estatuto eu digo com um sentido mais poético e menos literal. Ou seja, o artista tem que se pautar por critérios flexíveis. Tem horas que não interessa fazer uma obra que é tua. Tem hora que o que te interessa é fazer uma obra coletiva, para a criação ter mais liberdade. Tanto do ponto de vista legal como do ponto de vista subjetivo, de creditação moral, esse estatuto sobre autoria vai passar por grandes transformações. Na internet tem fotógrafo que coloca um pseudônimo.
CC: O que é essa Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil?
IC: Percebemos que tem muita gente trabalhando nesse fazer cultural da fotografia. Os donos de pequenas escolas de fotografia, os donos de galeria, os coordenadores de projetos sociais com a fotografia… Nós temos no Brasil hoje treze festivais de fotografia, que congregam debates, workshops, palestras, atividades especiais. Nós percebemos no Paraty em Foco de 2009 que tinha muito pequeno produtor, pequeno agitador, pequeno realizador de atividade cultural com a fotografia e nós resolvemos convocar todo mundo para reunir o setor. Pela primeira vez surgiu uma associação forte, mais forte inclusive do que associações que existiram anteriormente. Fundamos oficialmente a Rede esse ano em Brasília com 150 realizadores de 19 estados de todas as regiões do País.
CC: Uma pergunta tola, mas importante para o momento da fotografia: como você enxerga o futuro da fotografia?
IC: Eu vou usar uma definição que não é minha, é do peruano Jorge Villacorta, surgida no Fórum Latinoamericano de Fotografia, em que ele disse que caminhamos para uma fotografia sem sofrimento. Aquela fotografia dos anos 1960, 70, 80 e 90, que é uma fotografia politizada, que mostra o sofrimento e serve como denúncia social, mas com pouco resultado. O mundo não ficou melhor como queriam esses fotógrafos. Então prevemos uma era de fotografia sem sofrimento. Uma fotografia bastante flexível em suas denominações. Um campo fotográfico onde não são 100% definidas as fronteiras, misturando-se com as artes plásticas, vídeo, cinema… Também uma fotografia com grande preocupação nos arquivos, reciclando o que já foi feito. Esse pode ser o grande movimento fotográfico por vir no futuro. É até o título de uma exposição na Suíça: "A revanche do arquivo fotográfico" Este foi basicamente o resultado do Fórum.
CC: Quais outras reflexões positivas obtidas pelo Fórum?
IC: O principal resultado no Fórum não são essas questões em si, mas as redes que se fortalecem e que se formam. A rede a qual me refiro não se manifesta na internet. A verdadeira rede é a de contatos humanos. Editores começam a fazer contato entre si, conversando em inglês, português, espanhol, francês. Curadores conhecem novos artistas. Jovens fotógrafos aparecem nesses festivais. Essa circulação de contatos, ampliação da rede presencial e virtual, a posteriore, é a grande conquista do Fórum.