domingo, 11 de dezembro de 2011

dan piraro e empatia animal



reativando o blog

Aos pouquinhos, com boas notícias

Reportagem da Folha 
11/12/2011 - 10h53

Museu lança acervo on-line com registros de imigração


CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO


Um documento de caligrafia floreada, de 1893, atesta que cinco membros da família italiana Zoli chegaram ao país pelo porto de Santos.

Ele é parte do acervo, digitalizado ao longo dos últimos sete meses, do Museu da Imigração e do Arquivo Público do Estado. O banco de dados, lançado nesta semana, está disponível para download gratuito no site www.museudaimigracao.org.br.

São 87 mil registros de cartas, fotos, mapas, jornais e documentos de quem chegou a São Paulo subsidiado pelo governo da época.

Eles passaram pela hospedaria, que recebeu 2,5 milhões de imigrantes, entre 1887 e 1978, principalmente italianos e portugueses.

Sebastião Zoli Júnior, 48, pesquisa a família desde 1989, mas só agora teve em mãos documentos históricos. Ali está seu bisavô Girolamo (Gerônimo) Zoli, então com 23 anos, vindo de vapor da província de Ferrara, norte da Itália, indo para Capivari (SP), trabalhar com café.

Fábio Braga/Folhapress
Sebastião Zoli Junior, 48, descobriu registros sobre a chegada de seu tataravo ao Brasil, com mulher e três filhos
Sebastião Zoli Junior, 48, descobriu registros sobre a chegada de seu tataravo ao Brasil, com mulher e três filhos

"Para a gente que é descendente é até emocionante", afirmou ele, que é conselheiro do Comites (Comitê dos Italianos no Exterior).

"No histórico do vapor pode ter cartas, anotações, posso descobrir se alguém morreu no caminho", aposta Zoli, que "perdeu" um L do sobrenome quando o funcionário da hospedaria anotou o nome de seu tataravô Giulio no registro de matrículas.

Para o historiador e genealogista Virginio Mantesso Neto, o site é importante para pesquisadores e familiares por trazer documentos que eram restritos, mesmo na biblioteca do Arquivo Público.

Um problema que ele aponta é no sistema de buscas do site, que não permite procurar nome e sobrenome de uma vez. Quem for pesquisar nomes comuns como Giovanni terá trabalho: há 26.364 registros de matrícula.

Carlos Bacellar, coordenador do Arquivo Público, órgão contratado para criar o site e digitalizar os documentos, diz que o sistema de buscas pode ser aperfeiçoado.

Mas diz que o site vai facilitar o trabalho das famílias que buscam seus antepassados para pedir certidões e tentar dupla cidadania.

O projeto foi financiado pela Secretaria de Estado da Cultura, por R$ 200 mil, que também banca a reforma de R$ 7,5 milhões para transformar o prédio que abrigou a hospedaria e, mais tarde, o novo Museu da Imigração.

Para o secretário de Cultura, Andrea Matarazzo, o instrumento preserva documentos antigos e democratiza o acesso da população a eles.

"A sociedade pode reconhecer suas origens e sentir a importância que a imigração teve no desenvolvimento de São Paulo", diz.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Bribespot - localizador de subornos

A proeza apareceu em abril deste ano, na Estônia. Foi o resultado de um dos grupos que participavam do evento Garage48, que cria situações de encontro entre pessoas com os mais diversos talentos (desenvolvimento de softwares, marketing, administração, design, etc.) para a concretização de uma idéia em até 48 horas.





O grupo, com as mais diversas origens (Lituânia, Estônia, Irã e Finlândia), decidiu então criar um aplicativo onde pessoas pudessem postar (e localizar) situações de suborno pelas quais já tinham passado. Dessa forma, sabemos que um indivíduo (todo o processo é anônimo) que voltava do Malawi para a Zâmbia teve que pagar um suborno de $300,00 para entrar no país; na Romênia, outro, pode pagar $1000,00 para ser aprovado em um exame universitário; e na Índia, um outro, $100,00 para se livrar de uma multa por falar ao celular enquanto dirigia.

A este aplicativo deram o nome de Bribespot (Bribe, de suborno; spot, de ponto/lugar). Com ele, os criadores pensaram não em descobrir o país mais subornável do mundo, mas sim, criar situações de denúncia anônima que criem um movimento internacional contra corruptíveis - sejam esses intituições ou pessoas.

O envio de dados pode ser feito no próprio website do aplicativo, assim como nos apps para Android e iPhone (em breve). O usuário pode detalhar o lugar exato do suborno, a situação e a quantidade paga, assim como conferir a existência e os tipos de suborno nas redondezas em que se encontra.

Neste exato momento, 18 de maio às 20:40, não havia ainda nenhuma ocorrência de suborno para o Brasil e toda a América Latina. Com a divulgação do Bribespot, os números tendem a mudar....

domingo, 15 de maio de 2011

Mais um de ET

Como lidar com a alteridade? Talvez porque respondam a essa pergunta que filmes com temática extraterrestre causem tanto fascínio. Afinal, eles nos trazem diversas possibilidades, que não raro reverberam na condição de trato com "o outro" menos extremado - como imigrantes, por exemplo. O filme Distrito 9, de 2009, escancarou a analogia , e pudemos ver nas telas brasileiras, ainda que por pouco tempo, a metáfora explicitada. 

O mesmo não aconteceu com o filme Monsters, de 2010, com direção de Gareth Edwards, que não estreou nas salas de cinema por aqui. Em suma, a história se passa nas seguintes condições:  Há menos de uma década, a NASA descobriu a possibilidade de vida extra-terrestre no sistema solar. Foram coletadas amostras para comprovação, mas, quando a sonda espacial voltava à Terra, houve um acidente que fez com que ela se rompesse no território mexicano fronteiriço ao EUA. Depois de algum tempo, formas estranhas de vida começaram a surgir. Uma área correspondente a metade do México foi posta como Zona Infectada, e proibida a circulação de pessoas. 

Desta forma, as proximidades e a própria ZI passam a viver em constante tensão. As forças militares americanas e mexicanas tentam conter as criaturas dentro do limite estipulado, através de bombas e armas químicas. Porém, muitas vezes, as empreitadas acabem vitimando também seres humanos que vivem em áreas adjacentes.   

É a necessidade de ir do México para os EUA que mobilizam os dois personagens principais a atravessarem a ZI, e correr o risco de contato com os extraterrestres. Criaturas mostradas no filme com refletida parcimônia, pois o interesse não é o de imaginar como as elas lidam com os homens, mas como os homens lidam com as criaturas e com eles mesmos. 

A produção ganhou certa repercussão na Inglaterra e nos EUA porque, além de ser um filme de baixo orçamento (custou por volta de $800,000, segundo o IMBD), também foi filmado com base na improvisação. Apenas os protagonistas são atores profissionais, e mesmo assim, as cenas foram filmadas dando-lhes apenas linhas gerais de ação, sem falas fixas. Aparentemente, também haverá uma continuação (que tende já a ser milionária), mas com outra direção.

Ótimo filme, entusiasticamente recomendado. Abaixo, uma mini-entrevista com o diretor Gareth Edwards, feito para o festival de cinema de Toronto.


domingo, 8 de maio de 2011

A arte na mecânica do movimento

Quem conhece o circuito de exposições de São Paulo já sabe: a Galeria de Arte do Sesi ( Av. Paulista, 1313- Metrô Trianon-Masp) tem a ótima qualidade de apenas promover mostras de objetivo bem definido, e que por isso conseguem desenvolver sua proposta de forma aprofundada. Dessa vez não foi diferente. O amplo espaço expositivo do prédio dá espaço a "A arte na mecânica do movimento", um projeto do historiador Lucas Bittencourt em parceria com a municipalidade da cidade de Sainte-Croix (Suíça). 

Lucas Bittencourt é na verdade, Lucas Bittencourt Gouveia, um historiador misterioso, que não atualiza seu Lattes desde 2008, e que defendeu na USP, em abril de 2010, a tese de mestrado em História Social ": "Par penitence les cumandet a ferir: a legitimação do combate contra os pagãos na Chanson de Roland e na Chanson de Guillaume". Uma explicação de como ele se enveredou para a organização da exposição não é clara (pelos caminhos de pesquisa online, pelo menos), mas, em uma reportagem  do site Guia da Semana, nos é informado que a idéia veio com uma visita do historiador à cidade de Sainte-Croix.

Sainte-Croix é uma pequena cidade suíça - localizada na fronteira com a França e com pouco mais de 4.500 habitantes - que abriga o CIMA: Centre International de la Mécanique d'Art. No site do museu, algumas informações: A instituição foi aberta em 1985, e expõe ao público caixas de música, autômatos, pássaros-cantores, entre outros objetos. A relevância de tal acervo é que ele é uma amostra de todo um conjunto fabricado nessa cidade desde o século XIX, que prima pelo conhecimento técnico e mecânico.  

Uma rápida visita ao site deixa evidente que a exposição em São Paulo é nada mais nada menos do que um conjunto resumido do que é apresentado em Sainte-Croix. Ainda bem! Por isso, o visitante tem contato com obras que vão desde a metade do século XIX até 2010, construídas por mestres da técnica-mecânica que nos recordam que a arte é mais do que uma idealização, é o trabalho com o material e a concretização física de idéias...

É uma emoção indescritível, por exemplo, ver uma caixa de música de 1850, totalmente mecânica, tocar em alto e bom som para o que veio. Um autômato de cabelos desgrenhados assustadoramente dançar para os seus olhos, e um piano funcionar apenas com seus pedáis...Além, é claro, dos passarinhos de corda que não só cantam alegremente (via um mecanismo de foles), mas também abrem o bico, balançando as asas e  o rabo...


Um vídeo do youtube (que não está relacionado à exposição), que mostra o funcionamento das caixas de música de cilindro. 



Outro vídeo, de um passarinho-cantor, mas produzido há pouco tempo atrás pela empresa Reuge, também com obras presentes na exposição.


Porque esse fascínio? Ainda que admitindo que certas razões se expliquem individualmente, é possível sugerir algumas explicações. Sem dúvida, o caráter técnico salta aos olhos, assim como a possibilidade de tanta complexidade sendo produzida artesanalmente, sem a utilização de recursos como a energia elétrica. As caixas de música expõe ao visitante parte de sua mecânica, e sua precisão e permanência (porque elas ainda tocam muito bem, obrigada) impressionam. Difícil não se perguntar: "Como foi possível alguém conseguir construir isso?". Um sentimento parecido (senão igual) ao descrito pelo antropólogo Alfred Gell em relação às proas melanésias, no texto: The Technology of Enchantment and the Enchantment of Technology

Mais do que isso, as peças fascinam porque ficam no meio termo entre o compreensível e a 'caixa-preta', para fazer uso do termo do filósofo Vilém Flusser. Ou seja, embora tenham um mecanismo de difícil apreensão, esse ainda é, na maior parte das vezes, visível e decifrável. Por essa mesma razão, estimulam a pensar sobre eles, e no jogo de quebra-cabeça que implicam.

Em suma: Exposição imperdível e única. Não é do tipo que depois se acha reprodução na internet, ou outra montagem parecida no centro-cultural mais próximo. Um estímulo : Em junho todas as peças voltam pra Suíça e sabe-se lá quando (ou se) voltarão ao Brasil. Uma dica: Grude nos monitores. Eles são hiper simpáticos, além de serem as únicas pessoas que podem fazer as máquinas funcionarem, literalmente.Um pecado: Nesta visita, passei correndo na parte contemporânea da exposição, pois estava atrasada para um compromisso. Por isso os comentários-zero dessa seção. Mas pretendo voltar, e completar o relato... 

Informações sobre a exposição (do site da FIESP):

Informações
LocalGaleria de Arte do SESI – Centro Cultural Fiesp-Ruth Cardoso - Av. Paulista, 1313- Metrô Trianon-Masp
Temporada19/04 a 26/06/2011
Segunda a domingo
HorárioSegunda-feira, das 11h às 20h
Terça a sábado, das 10h às 20h
Domingo, das 10h às 19h
IngressosEntrada franca
TelefonesSegunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h às 17h
pelo telefone (11) 3146-7439
Indicação Etária 
Evento livre para todos os públicos